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quinta-feira, agosto 14, 2008

Picos, um altar garboso

No coração de Santiago, o rugoso território da Freguesia de São Salvador do Mundo estende-se em cerca de 31 km2, sendo a Vila de Achada Igreja o centro, contornado por bonitas ribeiras e regatos cujas águas pluviais fecundam as suas margens correndo velozes para ás várzeas de Santa Cruz, município vizinho. O emblemático rochedo “Nguli Lança” simboliza um verídico cavaleiro desafiando o futuro ante a altivez do Pico de António, perfil basáltico aliciador da afeição dos visitantes nacionais e estrangeiros, que cunha de forma ímpar a paisagem desta região e, por isso mesmo, Picos, nome popular, fonte de uma identidade própria e de linhagem de leitos onde as cachoeiras de Setembro esverdinham a alegria dos camponeses e as margens de robusta flora.


Nho São Salvador do Mundo é Santo Padroeiro da Freguesia do mesmo nome, patrono da majestosa igreja matriz, situada no centro da Vila de Achada Igreja, herança original estimada e vista de vários pontos das vias que unem os distintos pontos do concelho. O dia deste Santo Nome é, desde sempre, uma grandiosa festa senão a maior das que se realizam no interior de Santiago, dia de comunhão em que participantes de todas as camadas sociais vindas das mais diversas localidades da Ilha celebram de forma ímpar e emocionante a festa.


O povo é o verdadeiro dono dos festejos, e é quem enche o dia de graças ao Senhor do Mundo. Outrora, os crentes agradeciam o Santo Salvador ofertando géneros, aves e pequenos animais, para depois serem leiloados no mesmo dia, tradição que fez de Picos um altar de muita fama, porque terra de boa gente, crente, diligente e aplicada. A abastança das chuvas e os bons resultados agrícolas conferia uma vida desafogada aos salvadorenses que raramente deixavam as suas ribeiras de origem, para viverem em outros lugares. No entanto, as mudanças causadas pela carência das chuvas alteraram um pouco a vida e a fisionomia da região, obrigando alguns a dispersarem-se, mesmo assim, os que ficaram, homens e as mulheres, jamais abstiveram-se de lutar pela construção de um futuro melhor para si e para os seus filhos.


Picos e as suas gentes sempre gozaram de muito prestígio e este atributo herdado do antigamente gerou nelas hábitos de cordialidade e de simpatia, distinta mais valia promotora da boa imagem social do Concelho e um apreciável recurso de progresso. Joaquim Ribeiro, Joaquim Correia, Djonsinho Cabral, Orlando Brito, Belo Freire (comerciante) e Belo Freire (músico) entre outras, são figuras emblemáticas que marcaram e marcam a vida e a história do Concelho, acrescido do facto de Djonzinho Cabral, importante proprietário de terras, dono e mestre da prestante oficina de serralharia em “Tchada Liton”, autêntica escola de saber e de arte de amanhar o ferro, onde o fabrico de utensílios domésticos e instrumentos de lavoura, a recuperação de peças de carro, de tachos e de alambiques, a fundição de peças de trapiches, a reparação de armas de fogo etc., eram solicitações vindas de pessoas dos mais diversos quadrantes da sociedade santiaguense da época. A oficina operou na fundição, na mecânica e na serralharia, ensinou a forjar, a soldar e a conhecer o teor dos metais. Assim, ferramentas, instrumentos de lavoura, pesos, medidas, facas, machins, enxadas, funis, tachos, cunhos, alavancas, martelos de pedreiro, colheres de cal, ponteiros, dobradiças, etc. eram artigos produzidos por artífices dos Picos.


Pela sua grandeza histórica é ufano dizer que: Picos é um altar garboso e de dimensão humana, onde os festejos são uma espécie de romagem de exaltação aos ritos e às tradições antigas, onde o colorido das vestimentas dão cor e tom ao paisagístico e onde a gastronomia e a música enchem os ânimos, incitando todos a irmanarem-se no prazer e na glória dos galanteios, amalgamando-se livre dos embaraços da vida.


A civilidade, o sagrado, a cultura, as artes, o desporto, a música, a gastronomia e a inauguração de obras de vulto são mais do que nunca fortes motivos de festa e de orgulho de todos os salvadorenses, dentro e fora do país, mas também de todos quantos almejam a edificação de um belo e de um próspero município.


O MUNICÍPIO DE SÃO SALVADOR DO MUNDO, É AMBIÇÃO, É FUTURO.

Kaka Barboza